Em cada ano, a liturgia cristã oferece-nos tempos fortes através dos quais somos convidados a recentrar o sentido da nossa fidelidade à Aliança e a refocalizar as motivações da nossa esperança. Assim acontece com o Advento. De novo, perante nós, este tempo para nos convidar a procurar as razões da nossa fé e da nossa esperança. O Advento é convite a prepararmos a tríplice vinda do Senhor: o Senhor veio, o Senhor vem, e o Senhor virá. Esta é a razão da nossa fé e da nossa esperança.

Acolher o Senhor que veio no realismo da condição humana. Acontecimento testemunhado pelas Escrituras e que a liturgia oferece à nossa meditação. A Escritura é testemunha de um povo que acreditou e esperou no cumprimento das profecias: «Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um Filho, chamado Emanuel» (Is /7,14). E a profecia cumpriu-se: Jesus nasceu em Belém.

Acolher o Senhor que vem, no hoje da minha vida, de forma escondida, oculta, mas real. Apesar da indiferença, da incapacidade de ler os sinais da sua presença; apesar do materialismo e consumismo; apesar dos sinais de violência que germinam neste mundo, nós, cristãos acreditamos nesta vinda actual do Senhor. E celebramo-la na liturgia. Saber ver este Deus atento, presente, solidário com os dramas e as alegrias da humanidade é uma descoberta a fazer no Advento. Daí que o grande grito de fé da comunidade seja este: Maranata! Vem Senhor Jesus!

Acolher o Senhor que virá na plenitude do Seu Reino. Alimentar, no tempo presente, a esperança cristã é percorrer os caminhos da vida, às vezes tortuosos, outras vezes espinhosos, com o olhar fixo Naquele que nos espera, no final da jornada, de braços abertos, porque nós O esperamos, superando dificuldades, perseverantes até ao fim, cumprindo a recomendação do Senhor: «pela vossa perseverança salvareis as vossas almas» (Lc 1, 19).