O que significam os gestos e as posições na Missa?
A Oração não diz respeito apenas à alma do homem, mas ao homem todo, que é também corpo. O corpo é a expressão viva da alma, por isso os nossos gestos devem reflectir a nossa fé e a nossa fé deve revelar-se também através das nossas acções. Na Missa que é a oração principal em comunidade, cada gesto é regulado pela Igreja na Instrução Geral do Missal Romano, para que a harmonia dos membros reflicta a comunhão da fé e juntos formemos o Corpo Místico de Cristo. Como tal é fundamental conhecer o que fazer em cada momento deste acto litúrgico e entender que o ritual tem uma tradição muitíssimo antiga e se ela prevaleceu até aos nossos dias, é porque algum valor espiritual nos pode proporcionar. Na vida social, há regras de boas maneiras; na sociedade elas não são meras formalidades, mas expressam respeito e cordialidade. Quando, em nome da espontaneidade, as deixamos de lado, acabamos normalmente por sermos brutos e ásperos. O mesmo acontece na Missa em que os gestos e as posições não são formalismos vazios, têm uma origem teológica e uma razão de ser muito especial. Se a conhecermos será mais fácil para nós pratica-los, numa santa obediência e com amor.
Persignação: é fazer o sinal da cruz sobre nós com a mão direita da testa para o peito, da esquerda para a direita, enquanto pronunciamos uma pequena oração “Pelo sinal da Santa Cruz liberta-nos Deus Nosso Senhor dos nossos inimigos: em nome do Pai do Filho e do Espirito Santo”. Com este gesto os Baptizados consagram-se a Deus, por isso se usa no inicio e no fim de todas as acções em que participamos. O sinal da cruz tem um significado teológico profundo; a direita recorda-nos a alegria dos que foram salvos, porque fizeram a vontade de Deus, já que o Filho colocará as ovelhas fiéis à sua direita. O sinal da cruz começa da cabeça até o peito, aceitando que nosso Senhor Jesus Cristo desceu do alto, do Pai, à terra pela sua Santa Encarnação. O sinal da cruz continua, partindo do lado esquerdo, onde está o coração, lugar no qual se guarda com amor o mistério pascal de Jesus, sua dolorosa Paixão e Morte, e dirigindo-se depois ao lado direito, recordando que Jesus está sentado à direita do Pai pela sua Gloriosa Ascensão; assim a cruz termina na glória celestial.
Genuflexão: é o gesto de flectir o joelho direito até tocar o chão . É um sinal de adoração a Jesus Eucarístico, por isso sempre que entramos na igreja e dela saímos, diante do Sacrário, genuflectimos, com serenidade e graciosidade, e aí permanecemos enquanto nos persignamos. Sempre que cruzamos o recinto da igreja frente ao Sacrário temos que genuflectir, mostrando assim o nosso respeito.
De joelhos: é uma posição de humilhação e de reconhecimento da nossa pequenez perante a grandeza de Deus; é por isso a posição indicada durante a consagração do pão e do vinho, para a oração pós-comunhão e para a Adoração do Santíssimo Sacramento. Quando cruzamos frente ao altar em que esteja Jesus Eucarístico devemos ajoelhar e não simplesmente genuflectir. O homem nunca se eleva tanto, como quando se rebaixa diante do Senhor.
Inclinação: inclinamos ligeiramente a cabeça diante da imagem de Nossa Senhora, dum Santo, duma relíquia, ou de um bispo, quando ele passa, reconhecendo-o assim como representante da autoridade da Igreja e de Cristo. Inclinamo-nos profundamente, a partir da cintura, diante do altar vazio, ou diante da cruz numa procissão, porque é sinal de respeito e veneração, já que ambos são símbolos do sacrifício de Jesus.
De pé: é a posição de quem ouve com atenção, indica a prontidão e a disposição para obedecer. É uma posição sacerdotal por excelência, é de pé que os padres exercem o seu Sacerdócio Ministerial e os fiéis o seu Sacerdócio Baptismal, por isso é a posição ideal para a proclamação e escuta do Evangelho e das orações comunitárias. É também sinal de respeito, como tal, é de pé que assistimos ao cortejo processional até que todos os ministros tenham entrado no presbitério e no final até que todos eles tenham saído da igreja e se houver um hino final é educado permanecemos de pé até à sua conclusão .
Mãos juntas: significam recolhimento interior, busca de Deus, fé, súplica, confiança e entrega da vida. Não é por acaso que muitas das imagens de Nossa Senhora são apresentadas, tal como nas aparições, com as suas mãos postas, gesto que assim se tornou um sinal da Fé Católica.
Mãos levantadas: é uma atitude orante, significa súplica e entrega a Deus. Por isso é que está previsto no missal que o Sacerdote e somente ele abra os braços e os eleve ao Céu nos momentos de oração, pois que é ele, que em nome de toda a assembleia, apresenta ao Pai a suplica orante. Não é correto imitar os gestos, ou pronunciar as orações reservados ao sacerdote, porque não cabe aos leigos ter os mesmos gestos, confundindo ambos os sacerdócios. Tampouco no missal há menção alguma para darmos as mãos enquanto rezamos; portanto, esta prática deve ser evitada durante a celebração da Missa. Porém, se alguém quiser fazer isso, pode fazê-lo, mas como excepção e só com alguém de sua confiança, não sendo correcto incomodar os outros, tendo a intenção de que isso se transforme em norma litúrgica para todos. É preciso levar em consideração que há quem não queira dar a mão ao vizinho e forçá-lo será um incómodo que age em detrimento da oração, da piedade e do recolhimento. Na Missa Católica é a Comunhão Eucarística que confirma a união entre os seus membros e destes com Deus.
Sentado: é uma posição cómoda, uma atitude de ficar à vontade para melhor ouvir e meditar e o conforto desta posição reflecte a nossa vontade de ficar e de não ter pressa de acabar.
Silêncio: na Missa é essencial, porque nos ajuda no aprofundamento dos mistérios da fé, que precisamos interiorizar pela meditação. Sem os momentos de silêncio a Missa seria como uma chuva forte e rápida que não tem tempo para penetrar na terra.
Lembremo-nos que não temos nenhuma autoridade para, segundo a nossa maneira de pensar, mudar a tradição católica que é observada hoje e que começou há muitos séculos. Na Liturgia a elegância, a reverência e a solenidade são virtudes e, se os gestos são feitos por obediência, mas com muito amor, o seu significado e mérito serão ainda maiores.