CARTA PASTORAL DA CEP – A alegria do amor no matrimónio cristão

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou a carta pastoral A ALEGRIA DO AMOR NO MATRIMÓNIO CRISTÃO, inspirada na Exortação Apostólica do Papa Francisco A ALEGRIA DO AMOR. A Carta começa por ler a fragilidade actual do matrimónio, conforme o nº 3: «Por outro lado, não podemos ignorar o crescente número de famílias que experimentam a rotura, a separação ou o divórcio. O fracasso de um sonho de vida provoca inevitavelmente frustração e sofrimento, que atingem sobretudo os filhos, especialmente se são menores de idade. Inúmeros fatores concorrem para o fracasso de tantas famílias, como o desemprego, a emigração, os horários desencontrados de trabalho, a violência doméstica, a dependência viciante de um ou mais elementos do seio familiar ou, simplesmente, a desilusão, a desistência e o abandono de um dos cônjuges».

E, por outro lado, aponta para a meta do amor matrimonial, nos termos do nº 8:

«O matrimónio é um caminho de beleza e alegria mútua em que cada um deseja e tudo faz para a felicidade do outro. Começa no namoro em que ambos se vão conhecendo e preparando uma vida na comunhão de amor. Uma vida que se vai aprofundando e crescendo até ao “livre e recíproco dom de si mesmos, que se manifesta com a ternura do afeto e, com as obras, penetra toda a sua vida; e aperfeiçoa-se e aumenta pela sua própria generosa atuação”.[2] As diferentes etapas da relação conjugal trazem, juntamente e até com as inevitáveis dificuldades próprias da vida, a alegria de um projeto comum. Este envolve, antes de mais, os próprios cônjuges, que vão desenvolvendo a capacidade de colocar a felicidade do outro acima dos interesses e até das necessidades próprias e descobrindo aí uma alegria nova. Mas a relação de amor conjugal transborda e abre-se à fecundidade em que os filhos são a expressão mais abundante dessa alegria. Alegria que se vai transformando numa paz em que a estabilidade e a experiência de vida permitem ir saboreando o surgir de novas gerações»

Quem faz a opção do matrimónio, segundo o nº 19, compromete-se:

a fazer da vida a dois um sinal de que tudo o que “na alegria e na tristeza, na saúde e na doençaé fruto do amor e possível em Jesus Cristo;

  • a testemunhar com a sua vida de casal (projetos, atitudes, filhos…) que o amor de Deus por cada pessoa e pela humanidade é uma realidade eficaz, que transforma o mundo, e que Cristo nunca abandona a sua Igreja;
  • procura, no seu compromisso, encontrar uma vida feliz, porque sinal do amor de Cristo, que, na sua expressão máxima de total oferta da vida, venceu a morte para sempre e deu o maior contributo para a construção do Reino de Deus;
  • acredita que Deus, através deste sacramento, dá a força eficaz (a graça) para cumprir esse compromisso e essa missão, a força manifestada principalmente na morte e ressurreição do Seu Filho Jesus Cristo, de que vive a Igreja;
  • acredita que vale realmente a pena contrair um matrimónio cristão, pelo bem que só nele se pode obter e transmitir»

 

Três formas de comunicação no matrimónio, segundo o nº 35:

 

passiva, que se caracteriza pela dificuldade de expor ideias e pensamentos, mas especialmente sentimentos, emoções e desejos. Pode provir de insegurança ou baixa autoestima e é tipicamente usada por quem evita magoar o outro ou ser criticado.

agressiva, com expressões ressentidas ou acusatórias (ou silêncios e amuos prolongados e ostensivos), concentração nas características negativas do outro e não na situação ou assunto sobre o qual se tenta comunicar;

assertiva, com as pessoas a expressarem-se de forma livre, não defensiva nem ofensiva, mas direta e claramente, de forma positiva e no respeito pelos momentos de uso da palavra e de escuta do outro.