Celebramos a solenidade de Cristo Rei neste último Domingo do ano litúrgico. No Evangelho deste Domingo, Jesus responde a Pilatos que o Seu “reino não é deste mundo”. Horas antes, rezando ao Pai, na Última Ceia, dissera que os Seus discípulos não são deste mundo, não Lhe pedindo que os tirasse do mundo, mas sim que os guardasse do Maligno, e ainda que os enviava ao mundo, assim como o Pai O enviou a Ele. Mas aos fariseus, que Lhe perguntaram quando chegaria o Reino de Deus, Jesus tinha respondido que o Reino de Deus já estava no meio deles. É preciso então que os seguidores de Jesus O deixem reinar nos seus corações e que comuniquem essa felicidade às outras pessoas. Ele não força a entrada, mas está à porta e chama. Ele é eterno e tem uma paciência inesgotável connosco. Ele espera, Ele espera-nos! Mas a conversão, a nossa e a dos nossos irmãos, é sempre tarefa urgente. ”A vida é o tempo de procurar de Deus” (São Francisco de Sales). Devemos, quanto antes, proclamar, com a nossa vida, Jesus como Rei e Nosso Senhor, correspondendo aos reptos de São Paulo: “Não vos conformeis com este mundo” e “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” .
Um testemunho incomparável disto mesmo nos deu José Del Río nascido em 1913, no México. Nesta altura Plutarco Calles tornava-se presidente e empreendeu em todo o país uma das maiores perseguições que a Igreja Católica sofreu no século XX, com o pretexto de “livrar a nação do fanatismo religioso”. Assim iniciou-se uma investida militar contra sacerdotes, religiosos e fiéis leigos que demonstrassem qualquer sinal da fé católica. Confiscou todas as Igrejas, prendeu e matou muitos religiosos dentre muitos outros. Após tanta perseguição, um grupo de fiéis católicos viu-se obrigado a pegar em armas para garantir a sua sobrevivência. Este conflito ficou conhecido como Cristiada, ou Guerra Cristeira, em homenagem aos soldados cristãos que eram conhecidos como «Cristeros». Um dia, José viu os soldados comunistas entrarem a cavalo na sua igreja e enforcarem o sacerdote. Comovido rezou a Deus, pedindo para que também ele pudesse morrer em defesa da sua Fé e aos 13 anos de idade foi procurar o general Mendoza, para ingressar no exército cristeiro. Ao chegar, dirigiu-se ao general que indagou: -O que vieste fazer aqui meu rapaz? Ele respondeu: -Vim aqui para morrer por Cristo Rei.
A sinceridade daquelas palavras e o vívido olhar destemido daquele nobre rapaz ressoaram profundamente no coração do general cristeiro, que autorizou a sua entrada na milícia. Por ser o menor, José ia à frente dos revolucionários com um estandarte com a imagem da Virgem de Guadalupe. Mas certa vez José foi capturado, pelos sádicos soldados do governo. Na intenção de fazerem com que o menino renunciasse à Fé, descamaram a planta dos seus pés até aos nervos e amarraram-no a um cavalo, obrigando-o a andar durante cerca de 14 quilómetros a pé e descalço, mas, mesmo assim, nos momentos em que as dores lhes eram insuportáveis, o menino, cheio da Graça Divina, bradava em voz alta e vigorosa «Viva Cristo Rei!»
A bonita história deste Santo encontra-se retratada no filme «Cristiada» dirigido por Dean Wright e escrita por Michael James Love.