É obrigatório ir à igreja para participar na Missa? «Podes também rezar em tua casa; mas não podes rezar aí como na igreja, onde muitos se reúnem, onde o grito é lançado a Deus de um só coração. Há lá qualquer coisa mais: a união dos espíritos, a harmonia das almas, o laço da caridade, as orações dos sacerdotes» explica São João Crisóstomo. Jesus Cristo está presente na Assembleia que celebra a Eucaristia, pois ela é composta pelos seus membros (os fiéis) e a sua cabeça (o Sacerdote que age “in persona Christi”). Os gestos comuns que praticamos no ritual da Missa são sinal da união e harmonia de todo o corpo de Cristo, tal como no homem, o corpo e a alma são uma unidade vital. Por isso não podemos isolar-nos, emudecendo cada um no seu cantinho. O individualismo não tem lugar no Evangelho, já que a Palavra de Deus nos ensina a viver fraternalmente. O Céu é uma multidão em festa e não indivíduos isolados.
Fazemos parte da Assembleia dos filhos de Deus, que tem como herança o Reino dos Céus. A nossa fé, o nosso amor e os nossos sentimentos manifestam-se não somente através da alma, mas também do corpo. O corpo é a expressão viva da alma; assim, é imperioso reunirmo-nos na igreja e em uníssono entoarmos cânticos de louvor e em recolhimento silenciarmos-nos. Em Igreja desfrutamos da comunhão das Espécies Eucarísticas, que são a presença “real” por excelência do Cristo completo, Deus e homem. Esta necessidade interior de congregar os cristãos foi sentida desde os primeiros momentos dos Apóstolos e a Igreja Católica nunca deixou de a afirmar. Mas se no início não foi preciso prescrever a obrigação mínima de ir à igreja ao Domingo para participar na Missa, com o passar do tempo, devido à tibieza e negligência dos fiéis, tornou-se necessário explicitá-lo canonicamente. Assim dos 5 Mandamentos da Igreja Católica o primeiro é: «Participar da Missa inteira nos Domingos e outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho». Por isso, temos a obrigação de participar da Santa Missa nos dias de preceito, a menos que estejamos justificados por algum motivo muito sério como uma doença. Se deliberadamente não vamos à igreja para participar na Missa dominical, cometemos um pecado grave.

A Missa de Domingo é igual à Missa ferial? A paróquia é o lugar onde nós Católicos nos reunimos. Dela aprendemos a doutrina salvífica de Cristo, nela praticamos a caridade do Senhor em obras boas e fraternas, nela pomos em prática, diariamente, a vida litúrgica, conciliando a vida espiritual com as demais realidades da nossa vida, reunindo-nos na celebração da Missa ferial. Assim encontramos o alento necessário para viver melhor a vida em família, no trabalho, ou no estudo. A celebração ferial, é mais sucinta, apesar do seu rito ser igualmente digno e alcançar plenamente a sua finalidade – a Aliança dos fiéis com Deus. Esta realidade de uma devoção diária ao Senhor está muito clara na distinta piedade do povo português, que aos dias úteis da semana acrescentou o sufixo «feira», palavra que derivando do latim feria significa «dia» e tem a sua origem na liturgia católica. Na maior parte das outras línguas românicas, aqueles dias vêm de nomes de deuses pagãos, ou de astros, pois que a eles eram dedicados. Assim todos os povos de língua portuguesa manifestam ainda hoje, e por cada dia da semana o que diz o salmista «Este é o dia que fez o SENHOR: cantemos e alegremo-nos nele!»

Para que servem os rituais da Missa? Lembrados que a Missa é a obra mais santa, mais divina, a maior e a mais elevada de todas as acções que o homem pode fazer para honrar o seu Criador, temos de pôr todo o nosso empenho para que semelhante Sacrifício seja celebrado sempre com a maior pureza interior e a maior devoção exterior. Os rituais da Missa são muito específicos para cada celebração, com gestos pormenorizados para cada momento da liturgia e estritamente rigorosos na sua aplicação, pois o seu maior valor está na devoção interior que os legislou, na solenidade exterior demonstrada por quem os realiza e no crescimento do amor por Deus que eles precisam de suscitar. Este é o fundamento da dignidade dos ritos, pois como ensina o CIC «os ritos visíveis, com os quais são celebrados os sacramentos, significam e realizam as graças próprias de cada sacramento». A Igreja crê conforme reza, lex orandi, lex credendi. Imitando Jesus, deixemo-nos devorar pelo zelo das coisas de Deus.