A Capela de Murches é dedicada a Santa Iria, Mártir, cuja festa litúrgica se celebra a 20 de Outubro. Murches está portanto em festa, celebrando a sua padroreira.
Em meados do século VII, vivia em Nabância, hoje Tomar, uma donzela piedosa e formosa chamada Iria ou Irene, nomes que significam “paz”. O tio, Célio, abade dum mosteiro, encarregou o monge Remígio de a instruir nas letras e nos bons costumes. Mas Britaldo, filho do governador daquelas terras, enamorou-se de Iria, não sendo correspondido, pois ela decidira dedicar-se só a Deus. O rapaz apenas sossegou quando dela recebeu a garantia de que não casaria com outro. Pior ficou Iria quando – já nesses tempos o Demo fazia das suas! – o monge Remígio começou a nutrir por ela paixão, e ao que parece, lúbrica. Mas Iria resistiu. Ele, vingativo, misturou algo na bebida de Iria, de modo que, pouco tempo depois, parecia que engravidara. Britaldo, sentido-se traído, mandou degolá-la. O assassino assim fez – isto terá sido no ano de 653 – e lançou o corpo de Iria ao rio Nabão, sendo encontrado já no rio Tejo, em Santarém, que dela tirou o nome – Santa Irene! Ali, no leito do Tejo deu-se-lhe sepultura, a qual, mais de seiscentos anos depois, a Rainha Santa Isabel teve a graça de ver. Diz o antepenúltimo versículo do Livro dos Provérbios (Prov. 31, 30): “A beleza é enganadora e o encanto é vão. A mulher que teme o Senhor é que é de louvar”. Santa Iria ensina-nos a pôr Deus no lugar devido, que é o primeiro.