APROXIMAR A IGREJA DAS PESSOAS PARA APROXIMAR AS PESSOAS DA IGREJA

PONTO 4 – A IGREJA O LUGAR ONDE HABITA O ESPÍRITO
À luz desta passagem de S. Paulo, a proclamação, a profissão de fé, «Jesus é o Senhor» (1Co 12, 3), o mesmo é dizer Jesus é o Senhor ressuscitado, que morrendo deu a vida por nós, e, ressuscitando, é o Senhor da vida e da glória, é um elemento essencial daquilo em que a comunidade acredita. Mais ainda, esta profissão de fé é fruto da acção do Espírito. «Jesus é o Senhor» é, talvez, se nos é possível fazer uma hierarquia, a mais importante das verdades da fé: o Senhor, quer dizer, o Redentor, o Salvador, não havendo mais nenhum entre o Céu e a Terra (cf Jo 4, 42). Tomé ensina-nos a dizê-lo com palavras semelhantes, igualmente belas: «Meu Senhor e meu Deus» (Jo 20, 28).
Esta verdade de fé é completada por uma outra, igualmente fundamental: Deus é nosso Pai e nós somos Seus filhos: «Recebestes um Espírito pelo qual clamamos Abba, Pai» (Rm 8, 15). Esta verdade é, também ela, inspirada pelo mesmo Espírito que habita a comunidade.
Tanto uma como outra, e todas as verdades da nossa fé, assumidas pela inteligência e pelo coração, são sinais e fruto da acção do Espírito Santo, que age em nós e que desperta o nosso coração crente, e o inspira, iluminado pela Palavra, a acreditar naquilo que deve ser acreditado, na fidelidade à tradição da Igreja.
Assim, a Igreja é, por excelência, o lugar onde habita o Espírito de Deus, como afirma S. Ireneu: «Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus; onde está o Espírito de Deus, aí está a Igreja e a graça na sua totalidade» (Charles-Marie Guillet, A IGREJA, comunidade de testemunhas mergulhadas na história, Ed. Paulistas, pg 35).
Esta realidade sacramental e sobrenatural – lugar onde habita o Espírito – qualifica a Igreja e diferencia-a substancialmente de todas as outras organizações humanas. Esta convicção deve animar os discípulos e inspirar as motivações porque somos Igreja e a missão de a levar aos que estão fora e de a testemunhar aos que a procuram. A comunidade não é assim, uma mera associação que apenas se rege pelos dinamismos humanos mas é portadora do Espírito de Deus com todos os dinamismos que lhe são próprios, apesar da frágil condição dos seus membros que, não sendo ainda santos, desejam caminhar para a santidade: «sede santos como é santo o Pai celeste» (Mt 5, 48).
A acção do Espírito na comunidade manifesta-se no seguinte:
* Desperta nos fiéis a fé
* Distribui os seus dons por cada um dos seus membros em ordem à edificação do corpo, que é a comunidade. Assim, cada um de nós, membro da comunidade, deve acolher os dons (sobrenaturais) do Espírito e colocá-los ao serviço de todos. E deve, de igual modo, colocar os talentos (naturais) ao serviço da comunidade.
* Convida-nos a vivermos segundo o mesmo Espírito num apelo permanente à purificação e renovação interior (Cf Gl 5, 19 – 24)